Um dos setores mais impactados pela pandemia foi o de turismo. A necessidade de isolamento social impediu não somente o deslocamento das pessoas, mas as impediu de frequentarem bares, restaurantes, parques e espetáculos, pilares essenciais desse mercado que movimenta a economia através da geração de renda e empregos. No Brasil, estima-se que o setor responda por 8% do PIB nacional e gere renda para 10 milhões de brasileiros. Com a crise do coronavírus, especialistas afirmam que as perdas podem ter ultrapassado mais de R$ 55 bilhões.
A boa notícia é que, com a chegada da vacina, e a esperança da imunização em massa, os brasileiros estão loucos para voltar a viajar. E, embora o mercado saiba que essa retomada será gradual, agência, operadoras e companhias aéreas já estão atentas às novas demandas e se preparando para atender esses clientes. Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), o mercado doméstico, que se tornou a opção mais segura a partir da flexibilização do isolamento, deve tomar novo fôlego a partir do meio do ano. Embora isso dependa muito da velocidade da vacinação no país, a reabertura completa de atrações e destinos nacionais indicam esse cenário. As viagens internacionais devem ficar mais para o fim do ano e início de 2022, seguindo as restrições de cada país destino.
Pelo menos num primeiro momento, as empresas já perceberam que os turistas irão optar por roteiros mais curtos, de menor duração, afastados de aglomerações e mais perto da natureza, abrindo oportunidades para esses destinos. Roteiros personalizados para grupos pequenos, ao invés de grandes excursões, também vão ganhar espaço, embora essa tendência possa ter um prazo de validade.
O medo do vírus trouxe de volta também o gosto pelo turismo rodoviário, visto por muitos, até então, com certo preconceito. Único capaz de chegar a todos os destinos brasileiros, a tendência tem grande potencial no pós-pandemia e já se prepara com frotas novas e confortáveis. O serviço de aluguel de veículos, um dos mais procurados durante a pandemia, também cresceu, oferecendo segurança, higiene, conforto, economia e mobilidade.
De olho nessa oportunidade, ambos os segmentos já estão investindo pesado em canais digitais, permitindo interação 100% online com os clientes desde a compra de passagens até o uso de QR Code para reconhecimento fácil na hora do embarque. Também já é possível alugar veículos e fazer web check-in via aplicativos e obter online facilidades para pagamento em pedágios, estacionamentos e drive-thrus.
Após constatar que muitas reuniões presenciais poderiam ser realizadas online, a tendência é de queda nas viagens corporativas no pós-pandemia. Mas o estímulo ao turismo de eventos científicos, religiosos e esportivos podem ajudam nessa retomada. Pelo menos essa é a aposta do Rio Convention & Visitors Bureau, que já anunciou a escolha da cidade maravilhosa como sede do XL Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, em 2023. O evento reunirá cerca de 1200 médicos, com gastos que ultrapassam R$ 5 milhões. As empresas também estão de olho em destinos para pessoas acima dos 55 anos, que são prioridade no calendário de vacinação.
Mas seja qual for o ritmo da retomada do turismo nos pós-pandemia, uma coisa é certa: a qualificação dos profissionais que atuam no setor será essencial para atender um turista mais exigente e preocupado com a segurança no seu acolhimento.
