O turismo de vacinação já é uma realidade para brasileiros que não querem correr o risco de aguardar para serem imunizados contra a Covid-19 e têm o privilégio de poder pagar para realizar esse sonho fora do país. O tema ainda é polêmico. Especialistas alertam que o deslocamento entre países pode contribuir para a disseminação do vírus, além de reforçar a desigualdade social já escancarada pela pandemia. Mas, para esses turistas, a necessidade de proteger-se contra uma doença tão letal e imprevisível é o principal argumento, principalmente, entre os que estão mais suscetíveis a ela.
Enquanto as campanhas de vacinação em seus países de origem avançam lentamente, centenas de latino-americanos já estão reservando voos para os Estados Unidos em busca da tão sonhada vacina. No México, agências de viagem já estão, inclusive, oferecendo promoções de pacotes turísticos que incluem, além do compromisso com a vacinação, voo, estadia em hotel, passeios e tour para compras. Estima-se que os preços dos voos entre México e Estados Unidos cresceram, em média, de 30% a 40% desde março. As viagens para os Estados Unidos para tomar o imunizante aumentaram 70%, segundo a Associação de Empresas de Turismo do México.
Entre os brasileiros, alguns estão agilizando os trâmites da viagem sozinhos, outros, contam com a ajuda de agências de viagens para indicar destinos e hospedagens mais apropriados para as duas semanas de quarentena, obrigatória para a entrada em território americano. Muitos seguem para cidades como Cancun, no México, ou Punta Cana, na República Dominicana. Os destinos são, normalmente, a Flórida ou Miami, embora outras regiões, como Las Vegas, já estejam, cada vez mais, recebendo turistas.
Inicialmente, os Estados Unidos chegaram a exigir comprovante de residência nos postos de vacinação, mas muitos brasileiros conseguiram driblar a exigência apresentando contas bancárias com endereços na terra do Tio Sam ou contratos de aluguel temporário, como com o Airbnb. Mais recentemente, com doses de vacinas sobrando em seus estoques, muitos estados flexibilizaram as exigências, passando a, inclusive, estimular a vacinação para turistas como forma de dinamizar suas economias locais.
Embora a vacina para turistas ainda dependa da aprovação do governador, o prefeito de Nova York já apresentou um plano para oferecer a vacina em pontos turísticos, como a Times Square. O Departamento de Saúde Pública do Colorado divulgou que não precisa ser cidadão norte-americano nem demonstrar residir legalmente para obter a vacina. No Texas e na Louisiana, o único requisito para se vacinar é ser maior de 16 anos. Formalmente ou não, a exigência da residência já caiu em, pelo menos, cinco estados, incluindo a Flórida, destino queridinho dos brasileiros.
Além dos Estados Unidos, Cuba anunciou em março a produção de sua própria vacina, a Soberana 2, afirmando que o imunizante estaria disponível a todos os turistas que visitarem a ilha, bastando realizar testes de RT-PCR e aguardar o resultado em quarentena. Nos Emirados Árabes, a informação oficial é a de que apenas residentes podem ser vacinados, mas boatos dão conta de que uma empresa de turismo de luxo britânica tem oferecido a milionários um pacote de viagem para Dubai incluindo, além de voo na primeira classe e acomodação cinco estrelas, uma dose do imunizante da Sinopharm. Respeitado o período de quarentena, Israel e Panamá também já anunciaram a vacinação gratuita para todos que estiverem no país.